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quarta-feira, 2 de setembro de 2015

Dê um rolê

Enquanto eles se batem, dê um rolê e você vai ouvir
Apenas quem já dizia,
Eu não tenho nada
Antes de você ser eu sou
Eu sou, eu sou o amor da cabeça aos pés
Eu sou, eu sou, eu sou o amor da cabeça aos pés

sexta-feira, 29 de maio de 2015

Viajar

Viajar é muito mais do que conhecer lugares:
É se apaixonar pelo ser humano, é se frustrar com o ser humano, é tentar entender ele.
É se libertar da obrigação doméstica de se manter numa vida ordinária.
Viajar é compartilhar o medo e o sonho da gente que a gente encontra na estrada.
É escutar e se deleitar com a história de cada um, pra depois, olhando pra trás, reconhecer a importância que cada um teve na nossa própria história.
Sabe, eu não quero ser jovem pra sempre, mas eu quero sim, que pra sempre todo jovem tenha o direito de ser jovem.
O direito de duvidar da realidade e acreditar na fantasia.
O direito de querer transformar em fato uma aventura que só existia em forma de extinto.
O direito de pisar na regra, de romper o limite, de ceder à vontade.
O direito de viver cada dia como se fosse o primeiro, cada noite como se fosse a última.
E o direito de SONHAR.
É complicado!
O mundo não é uma caixa de bombons e qualquer um que se dispõe a explorar de verdade vai encontrar o melhor e o pior da humanidade, vai notar o quão milagroso é o fato da gente ter nascido e ainda tá vivo e o quão frágil é a bênção da existência diante de tudo que o acaso brinca de colocar no nosso caminho.
A gente nunca sabe ao certo do que vai ou não vai encontrar por aí. Acontece que essa incerteza é viciante, sagrada.
Esse primeiro passo pra fora da zona de conforto faz despertar uma ansiedade entorpecente, transforma qualquer um, de novo, num menino.

segunda-feira, 10 de março de 2014

Metade

Que a força do medo que tenho
Não me impeça de ver o que anseio
Que a morte de tudo em que acredito
Não me tape os ouvidos e a boca
Porque metade de mim é o que eu grito
A outra metade é silêncio.

Todos os poemas do mundo.

Ao acaso, a gente se encontra pela rua.
Você me oferece um dos biscoitos que comia.
Aceito.
Curiosidade em sentir o sabor de sua boca.

Trazia também junto ao corpo um presentinho de seus alunos,
uma rosa.
O dia, atrás de nós, muito branco.
Penso então no argumento do poema japonês:

para você
sem colhê-las
todas as flores do mundo

Insight tardio.
A tarde urgente já havia te levado.
(Só sobrou o biscoitinho.).

Olho para trás, o dia mais branco.
Para você, silenciosos, todos os poemas do mundo.  

sábado, 22 de fevereiro de 2014

Da Fuga (Piazzoleando)

Perdi-me muitas vezes pelo mar,
o ouvido cheio de flores recém-cortadas,
a língua cheia de amor e de agonia.

Muitas vezes perdi-me pelo mar,
como me perco no coração de alguns meninos.

Não há noite em que, ao dar um beijo,
não sinta o sorriso das pessoas sem rosto,
nem há ninguém que, ao tocar um recém-nascido,
se esqueça das imóveis caveiras de cavalo.
Porque as rosas buscam na frente
uma dura paisagem de osso
e as mãos do homem não têm mais sentido
senão imitar as raízes sob a terra.

Como me perco no coração de alguns meninos,
perdi-me muitas vezes pelo mar.
Ignorante da água vou buscando uma morte de luz que me consuma.

F.G. Lorca

quarta-feira, 15 de janeiro de 2014

Vodca amarga



Era só mais uma dose eu dizia.
Mais um pouco de gelo, outra dose, suco.
A concessão da maturidade já se esvaia, meu mundo começava a girar.
Tequila! Eles gritavam.

Um cigarro, um cheiro característico, beijei.
Senti o doce, gelado beijo.
Um frio na barriga, depois tomei mais uma dose.

Ouvi risos, uma cantoria.
“Trás duas de cinco também”
Era uma felicidade que crescia dentro.

Eu não me questionava, só olhava.
No final, fiquei só, como só eu vim.
Lágrimas e mais uma dose.
Bêbado eu já estava antes, mas de tanto tomar amor.

sábado, 14 de dezembro de 2013

Encontros.

Dezembro.
Abraço demorado,
Somente uma hora, olhares.

Palavras, berço da comunicação, outrora a mesma que machucava.
Saudades, hoje são somente poucas ligações, duvida até da verdade.
Por muito achei que ausência é falta, meras complicações.

A oração que vinha de dentro rezava para que os minutos congelassem,
A alma processava sua maior epifania, as palavras faziam sentido.
Quem não compreende um olhar tampouco compreenderá uma longa explicação.
A vida, era o assunto do palco no dia.

Sem nenhum toque corporal, minhas sinapses faziam contato.
Utopia, meu caro.

O tempo esgotou, já é a hora de acordar.
Um adeus, outro abraço.
"Já pode me chamar para beber", risos.
Sexta-feira 13, dois mil e treze.

Ad Valente