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sexta-feira, 9 de julho de 2010

A Esperança

pelo Colunista da Folha de Boa Vista: Jessé Souza

Era a década de 70. Boa Vista terminava na avenida Venezuela, o trecho urbano da BR-174. Eu morava no bairro São Vicente, onde passei minha vida até o início da adolescência. Fomos a terceira a família a chegar naquela região, o que dá para ter uma ideia do que era o São Vicente.

Dali vi a cidade crescer bem lentamente por longos anos. Não havia ônibus, eletricidade nem telefone naquela área e na maior parte da cidade. Muitos nem faziam questão de ter geladeira em casa, uma vez que poste de energia era uma raridade nas ruas.

Respeitávamos os adultos, havia horário para chegar em casa, tomávamos benção dos pais e tínhamos que ir à igreja. Escola era sagrada e chegar até a sala de aula, por mais difícil que fosse, tornava-se uma aventura encarada numa boa pelas crianças que naquela época tinham a professora como a segunda mãe.

Havia a parteira, o rezador, a benzedeira, os chás caseiros, o descarte do matadouro que se tornava uma festa para boa parte das famílias. A garotada fazia a festa com os lagos, os igarapés e o futebol improvisado no fundo do quintal.

É nostálgico, eu sei. Mas quando se avança na idade – e lá se vão 40 fevereiros -, é essencial fechar os olhos para recordar as coisas boas da infância que jamais existirão daqui para frente, numa sociedade dominada pela televisão e agora pela internet.

Boa Vista cresceu, inchou, recebeu migrantes de todas as partes e acolheu famílias que vieram para cá com o sonho de construir uma nova vida. A maioria conseguiu esse sonho, uma vez que era só chegar, limpar o naco do terreno no meio do cerrado, fincar cerca e morar.

Embora os ônibus tenham chegado (em quantidade não suficiente, é verdade), a energia (inconfiável), o telefone, o celular (que falha), a iluminação pública e o asfalto (esburacado) hoje serem realidade, ainda nos falta muito para nos sentirmos uma população bem atendida diante dos impostos que pagamos.

Ainda assim, Boa Vista é uma cidade boa para se viver. No que pesem as carências em diversos setores, aqui ainda podemos fazer planos e podemos intervir nas políticas públicas para que elas sejam efetivamente aplicadas.

Nesses 120 anos de criação de Boa Vista, é necessário que cada um de nós assuma esse compromisso com a cidade, de ser um cidadão pró-ativo a fim de buscar o conserto daquilo que é preciso melhorar. Culpar o político sempre vale, pois grande parte da culpa recai nas costas deles. Mas quem os coloca lá?

Por isso, não custar buscar inspiração no passado nostálgico, mas sempre com os pés fincados no presente, para que possamos construir o futuro que queremos para nossos filhos e nossos netos.

Dormir com portas e janelas abertas jamais existirá – nem em Boa Vista nem em qualquer lugar do mundo. Mas é possível acreditar numa cidade mais segura, com nossas ruas bem arrumadas, praças conservadas e crianças felizes na escola.

Basta que cada boa-vistense, de nascença ou adotivo, assuma o compromisso de querer mudar. Somos uma Capital pequena onde tudo ainda dá para consertar. Não percamos a esperança. A cidade ainda é uma criança.

* Jornalista - jesse@folhabv.com.br - Twitter: www.twitter.com/JesseSouza - Blog: www.pajuaru.blogspot.com

Boa Vista 120 anos de História


Simpática, arborizada, acolhedora, com avenidas largas, iluminadas e bem distribuídas. Assim é a capital de Roraima. Boa Vista completa hoje 120 anos de criação.

A então sede de uma fazenda às margens do rio Branco tornou-se uma das cidades que mais crescem na região amazônica. O desenvolvimento segue as tendências da globalização, mas sem esquecer o compasso do caboclo, seu principal habitante. Tem a infraestrutura de uma capital, porém ar de interior. Perfeito!

Dessa forma, ainda é possível caminhar despreocupado com a família e apreciar as belezas naturais de uma das cidades mais bonitas do Brasil. Segundo indicadores sociais, Boa Vista oferece excelente qualidade de vida.
Mapa é um formato de leque, aonde as ruas vão saindo do Centro e irradiando para o resto da cidade. Tudo planejado pelos arquitetos da época, além do estilo europeu baseado nas ruas em forma de Leque de Paris.

Cidade onde meus pais escolheram para morar e constituir um futuro maior. Meus irmãos nasceram aqui, lembro que quando cheguei isso era só mato (risos)...

Paraaabéns Boa Vista!