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segunda-feira, 10 de março de 2014

Metade

Que a força do medo que tenho
Não me impeça de ver o que anseio
Que a morte de tudo em que acredito
Não me tape os ouvidos e a boca
Porque metade de mim é o que eu grito
A outra metade é silêncio.

Todos os poemas do mundo.

Ao acaso, a gente se encontra pela rua.
Você me oferece um dos biscoitos que comia.
Aceito.
Curiosidade em sentir o sabor de sua boca.

Trazia também junto ao corpo um presentinho de seus alunos,
uma rosa.
O dia, atrás de nós, muito branco.
Penso então no argumento do poema japonês:

para você
sem colhê-las
todas as flores do mundo

Insight tardio.
A tarde urgente já havia te levado.
(Só sobrou o biscoitinho.).

Olho para trás, o dia mais branco.
Para você, silenciosos, todos os poemas do mundo.